14 março 2013

ROUBALHEIRA CONTINUA COM CONTRATAÇÃO DE BANDAS E TRIOS ELÉTRICOS EM MACAU

Carnaval salgado: Prefeitura municipal de Touros pagou R$ 80 mil por trio elétrico; já Macau, R$ 1 milhão


Data: 13 março 2013 - Hora: 15:24 - Por: Ciro Marques

Ministério Público investiga valores pagos por prefeitura no Carnaval. Foto: Divulgação
Ministério Público investiga valores pagos por prefeitura no Carnaval.
Foto: Divulgação
Se perguntar para o folião, a diferença dos carnavais em Touros e em Macau, principais municípios investidores dessa festa no interior do Estado em 2013, vai ser pouca. Afinal, em pesquisas realizadas pelas duas prefeituras, a avaliação foi positiva nos dois casos. Porém, se comparar os preços, a distância entre os dois é considerável. Em Macau, foram gastos R$ 4 milhões, enquanto em Touros, “apenas” R$ 600 mil. Dessa forma, inclusive, o Ministério Público do RN (MP/RN) já solicitou a gestão de Touros informações sobre os gastos, como forma de constatar eventual superfaturamento na festa de Macau.
Uma simples comparação, inclusive, pode comprovar que, pelo menos diferença nos preços, houve. E muita. Enquanto o prefeito de Touros, Ney Leite, do PSD, pagou R$ 80 mil pelo aluguel do trio “Anaconda”, a Prefeitura de Macau alugou dois trios por R$ 1 milhão. Uma diferença superior a 1000%. Segundo o prefeito, por sinal, a economia em Touros foi tamanha que o próprio MP solicitou informações sobre as bandas contratadas para fazer a instrução de festa vizinhas e comparar os preços pagos em folias como a de Macau.
“Nosso carnaval em Touros foi muito econômico. Tenho todas as notas fiscais e negociei eu mesmo com os fornecedores e bandas. Fizemos uma festa que custou pouco baseado no valor de recursos que movimentamos”, afirmou Ney Leite, ressaltando que fez questão de privilegiar, por exemplo, a contratação de bandas locais para a folia, uma forma de reduzir custos e incentivar a cultura potiguar. “A única atração que trouxemos de fora foi Ricardo Chaves. As demais foram apenas bandas da terra que não reduziram a qualidade dos shows”, avaliou o prefeito.
Em Macau, Ricardo Chaves também tocou. Contudo, não foi a única banda de nome nacional a se apresentar. O sambista Pericles também esteve na festa, assim como a banda Saia Rodada Elétrica. Com essas atrações, a Prefeitura de Macau apresentou números de uma pesquisa que comprovariam a movimentação de R$ 80 milhões no município e que, aproximadamente, 300 mil pessoas teriam passado por lá durante os quatro dias de folia.
Com relação a Touros, os números estimados da Prefeitura são mais modestos. O carnaval teria movimentado R$ 10 milhões e, por dia, 60 mil pessoas teriam passado pela cidade. “Nosso carnaval superou as expectativas de muita gente. Os supermercados, por exemplo, tinham que fechar ao meio-dia para reabastecer. Nas pesquisas de opinião que fizemos, 98% dos comerciantes aprovaram a festa e os investimentos públicos”, acrescentou.
Porém, é importante lembrar que para realizar as folias, os dois gestores também procederam de formas diferentes no que diz respeito a recomendação conjunta dos Ministérios Públicos do RN, o Junto ao Tribunal de Contas do Estado (MPJTCE) e o Federal. Em Macau, a prefeitura local preferiu abrir mão do decreto de situação de calamidade devido à seca para não correr risco de responder a qualquer processo depois por estar privilegiando a festa em detrimento da economia local.
Touros, no entanto, permaneceu em situação de emergência devido à seca, mas garante que a festa é superavitária e, por isso, segundo o prefeito, não sofrerá consequências judiciais. “Estamos levando para o MP toda a documentação. Fizemos questão de discutir com o órgão as contratações, os gastos. Touros é uma cidade turística, não poderíamos abrir mão do carnaval”, explicou Ney Leite.
Se mantendo na situação de calamidade, o município continua recebendo ajuda e, seus agricultores, descontos em alimentos para os animais, por exemplo. “Sofremos também com a seca, mas são setores diferentes da economia e o turismo também precisa de investimentos para andar. Não foi um mero gasto público, foi um investimento num setor que tem tudo para crescer na cidade”, afirmou o prefeito, ressaltando que depois do carnaval a cidade já se prepara para lançar um calendário anual de eventos, para manter sempre o turismo em “alta”.
INVESTIGAÇÕES E RICARDO CHAVES
É importante lembrar que esse trabalho de apuração do Ministério Público não é algo recente. Macau, inclusive, já é um “velho conhecido” do órgão ministerial no que diz respeito análise de gastos com festas. Os carnavais de 2011 e 2012 foram investigados pelo MP, que tentou até mesmo evitar que os cachês de bandas fossem pagos.
Além disso, vale relembrar também que Ricardo Chaves é um músico já envolto em polêmicas no que diz respeito a cachês cobrados para se apresentar. No ano passado, por exemplo, O Jornal de Hoje ressaltou que o músico baiano cobrou R$ 90 mil para tocar em Assu durante o carnaval e, no mesmo ano, exigiu R$ 270 mil para se apresentar em Guamaré.

0 Comentário:

Postar um comentário

<< Home