ROUBALHEIRA CONTINUA COM CONTRATAÇÃO DE BANDAS E TRIOS ELÉTRICOS EM MACAU
Carnaval salgado: Prefeitura municipal de Touros pagou R$ 80 mil por trio elétrico; já Macau, R$ 1 milhão
Data: 13 março 2013 - Hora: 15:24 - Por: Ciro Marques
Se perguntar para o folião, a diferença dos carnavais em Touros e em
Macau, principais municípios investidores dessa festa no interior do
Estado em 2013, vai ser pouca. Afinal, em pesquisas realizadas pelas
duas prefeituras, a avaliação foi positiva nos dois casos. Porém, se
comparar os preços, a distância entre os dois é considerável. Em Macau,
foram gastos R$ 4 milhões, enquanto em Touros, “apenas” R$ 600 mil.
Dessa forma, inclusive, o Ministério Público do RN (MP/RN) já solicitou a
gestão de Touros informações sobre os gastos, como forma de constatar
eventual superfaturamento na festa de Macau.
Uma simples comparação, inclusive, pode comprovar que, pelo menos
diferença nos preços, houve. E muita. Enquanto o prefeito de Touros, Ney
Leite, do PSD, pagou R$ 80 mil pelo aluguel do trio “Anaconda”, a
Prefeitura de Macau alugou dois trios por R$ 1 milhão. Uma diferença
superior a 1000%. Segundo o prefeito, por sinal, a economia em Touros
foi tamanha que o próprio MP solicitou informações sobre as bandas
contratadas para fazer a instrução de festa vizinhas e comparar os
preços pagos em folias como a de Macau.
“Nosso carnaval em Touros foi muito econômico. Tenho todas as notas
fiscais e negociei eu mesmo com os fornecedores e bandas. Fizemos uma
festa que custou pouco baseado no valor de recursos que movimentamos”,
afirmou Ney Leite, ressaltando que fez questão de privilegiar, por
exemplo, a contratação de bandas locais para a folia, uma forma de
reduzir custos e incentivar a cultura potiguar. “A única atração que
trouxemos de fora foi Ricardo Chaves. As demais foram apenas bandas da
terra que não reduziram a qualidade dos shows”, avaliou o prefeito.
Em Macau, Ricardo Chaves também tocou. Contudo, não foi a única banda
de nome nacional a se apresentar. O sambista Pericles também esteve na
festa, assim como a banda Saia Rodada Elétrica. Com essas atrações, a
Prefeitura de Macau apresentou números de uma pesquisa que comprovariam a
movimentação de R$ 80 milhões no município e que, aproximadamente, 300
mil pessoas teriam passado por lá durante os quatro dias de folia.
Com relação a Touros, os números estimados da Prefeitura são mais
modestos. O carnaval teria movimentado R$ 10 milhões e, por dia, 60 mil
pessoas teriam passado pela cidade. “Nosso carnaval superou as
expectativas de muita gente. Os supermercados, por exemplo, tinham que
fechar ao meio-dia para reabastecer. Nas pesquisas de opinião que
fizemos, 98% dos comerciantes aprovaram a festa e os investimentos
públicos”, acrescentou.
Porém, é importante lembrar que para realizar as folias, os dois
gestores também procederam de formas diferentes no que diz respeito a
recomendação conjunta dos Ministérios Públicos do RN, o Junto ao
Tribunal de Contas do Estado (MPJTCE) e o Federal. Em Macau, a
prefeitura local preferiu abrir mão do decreto de situação de calamidade
devido à seca para não correr risco de responder a qualquer processo
depois por estar privilegiando a festa em detrimento da economia local.
Touros, no entanto, permaneceu em situação de emergência devido à
seca, mas garante que a festa é superavitária e, por isso, segundo o
prefeito, não sofrerá consequências judiciais. “Estamos levando para o
MP toda a documentação. Fizemos questão de discutir com o órgão as
contratações, os gastos. Touros é uma cidade turística, não poderíamos
abrir mão do carnaval”, explicou Ney Leite.
Se mantendo na situação de calamidade, o município continua recebendo
ajuda e, seus agricultores, descontos em alimentos para os animais, por
exemplo. “Sofremos também com a seca, mas são setores diferentes da
economia e o turismo também precisa de investimentos para andar. Não foi
um mero gasto público, foi um investimento num setor que tem tudo para
crescer na cidade”, afirmou o prefeito, ressaltando que depois do
carnaval a cidade já se prepara para lançar um calendário anual de
eventos, para manter sempre o turismo em “alta”.
INVESTIGAÇÕES E RICARDO CHAVES
É importante lembrar que esse trabalho de apuração do Ministério
Público não é algo recente. Macau, inclusive, já é um “velho conhecido”
do órgão ministerial no que diz respeito análise de gastos com festas.
Os carnavais de 2011 e 2012 foram investigados pelo MP, que tentou até
mesmo evitar que os cachês de bandas fossem pagos.
Além disso, vale relembrar também que Ricardo Chaves é um músico já
envolto em polêmicas no que diz respeito a cachês cobrados para se
apresentar. No ano passado, por exemplo, O Jornal de Hoje ressaltou que o
músico baiano cobrou R$ 90 mil para tocar em Assu durante o carnaval e,
no mesmo ano, exigiu R$ 270 mil para se apresentar em Guamaré.
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