06 dezembro 2006

UMA GRANDE INJUSTIÇA COM UM GRANDE ATLETA

Manifesto de Clodoaldo Silva

O nadador potiguar Clodoaldo Silva está muito, muito chateado com o que a Comissão de Classificação do Comitê Paraolímpico Internacional-IPC resolveu fazer com ele. Veja porque, em "Manifesto" assinado pelo próprio Clodoando, que acabou de chegar à imprensa. "Como a maioria dos profissionais de imprensa sabe, estou na cidade de Durban, na África do Sul, competindo o Mundial de Natação Paraolímpica.
Nos últimos dois dias, ganhei dois ouros, bati dois recordes mundiais e ajudei o Brasil conquistar uma medalha de bronze na prova do revezamento. Sinto informar para vocês meus grandes amigos, que permanentemente dão visibilidade ao esporte paraolímpico e, conseqüentemente, para as minhas vitórias, que ontem, logo após a conquista do meu mais novo recorde mundial, nos 150m medley, prova em que também consegui medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, fui informado de que teria que passar por uma reclassificação funcional.
Durante o período aproximado de uma hora e meia a Comissão de Classificação do Comitê Paraolímpico Internacional-IPC resolveu que eu, Clodaldo Silva, teria que aumentar de Classe e que hoje competiria nessa nova categoria: a S5.
Enquanto cidadão e atleta me senti lesado e confesso que ainda estou atordoado e não entendi os critérios que foram utilizados para que eu passasse da Classe S4 para S5*. Durante os sete anos que compito internacionalmente passei por três avaliações internacionais e sempre fui classificado como S4. A mesma pessoa que participou dessas classificações, a sr. Anne Green, uma das coordenadoras da classificação da natação paraolímpica, participou ontem da minha reclassificação e da decisão de subir minha categoria.
Tenho títulos mundiais importantes, conquistas inéditas, recordes mundiais, paraolímpicos e internacionais, todos eles conseguidos na Classe S4, da qual o IPC me qualificou durante todo o tempo de carreira internacional. Entre os anos 2004 e 2005, pelo menos duas vezes, quando integrantes do movimento paraolímpico do próprio Brasil contestaram a minha Classe a mesma sr. Anne Green respondeu oficialmente que a minha classificação estava certa e era permanente. O que eu não entendo é o porquê dessa reclassificação já que minha paralisia cerebral é estável, não regredi e não evolui, o que eu aprimorei foi a minha parte técnica.
Minha equipe realizou um trabalho de muito esforço, dedicação determinação, sempre tendo como principal objetivo a melhora dos meus tempos, isso é o que um grande atleta faz. Então me pergunto: será que a classificação tem relação com a melhoria da técnica ou com a deficiência e funcionalidade do atleta? Gostaria de ressaltar o seguinte: o atleta que se destaca porque está preparado tecnicamente e fisicamente, obrigatoriamente deverá subir de categoria? Também ressalto que já participei de outros eventos importantes do calendário internacional, como por exemplo, a edição anterior do Mundial de Natação Paraolímpica, que ocorreu em 2002, quando bati três recordes mundiais e ganhei dois ouros e duas pratas; os Jogos Paraolímpicos de Atenas, que conquistei nada menos do que seis ouros e uma prata; as duas edições da Copa do Mundo Paraolímpica, em 2005 e 2006, quando também diminui meus tempos e conquistei medalhas e recordes mundiais; e em nenhum momento minha classe foi questionada e não sugeriram mudança alguma.
Quanto ao Mundial, minhas chances de medalhas e recordes diminuíram e eu, depois de todo esse desrespeito, poderia ter desistido de competir, no entanto, decidi que ajudaria meu grupo e de que não poderia deixar de fazer o que gosto: nadar.
Meu resultado hoje nos 200m livre foi o quinto lugar. Pela manhã nadei a classificatória dessa mesma prova e consegui bater o recorde na classe S4, não homologado, por causa da decisão incabível e fora de hora que me foi submetida, mas afirmo que continuarei o meu trabalho e lutarei pelos meus direitos até última instância. Conto com o apoio de todos!"

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