22 abril 2014

MUITO BOA MESMO...PARABÉNS!!!

 
21 de abril de 2014 18:17
Carta ao Galado

Macau, pelos 21 dias de abril de 2014, época em que nossa cidade comemora também, doravante, uma nova cara na nossa cidade...


Benito, não creio que esconderias o riso, e chorarias um choro quase sem lágrimas ao saber que tua amada está aos trapos, uma esmoler, embora maquiada com cal virgem feito casa de taipa...

Sim, somos covardes! Omissos! Fracos! Tens razão: merecemos o carão, o batido. Covardes, omissos e fracos. Não vemos um grito de revolta face ao abandono que se cria nos palácios e se entranha na consciência ora venal, ora covarde de muitos homens e mulheres, habitantes que aqui ficaram neste porto...

Sem aquele riso que incomodava aos mentirosos, que enchia o ar com o teu cheiro esfumaçado do cigarro mais barato e da cerveja quente, sem a certeza de que não o teríamos, não valeria a pena contar as novidades que temos por estas bandas...Mesmo que o batido nos deixe com o rabo entre as pernas...


Sabe a filarmônica que tanto amavas, e que, como dizia nosso irascível Castro, também te amava? Ela está aqui, no momento em traço estas linhas. Pois os gênios, meninos e meninas que a compõe, artistas que são, continuam tendo como recompensa pela sua arte um salário de miséria...


E os nossos artistas? Calam diante da falta de perspectiva, ou na esperança de uma ajudinha nas quatro festas do ano; quem deveria ser o farol, é a vergonha...
 

Sabe o vereador da peroba? Pois se prepare para cair de rir da cadeira. O nobre edil disse que a cadeira de prefeito da nossa cidade não cabe duas bundas...Não me pergunte por que agora...Noutra ocasião te escrevo...
 

Penúria...Num tema tão caro a todos nós, para alguns, a moda agora é o bebê nascer na capital do estado; é mais chic; o padre vai benzer o rebento in loco; e os blogs da cidade sentem ciúmes por não poder fazer a fotografia exclusiva...enquanto isso nossas futuras gerações de legítimos macauenses correm o tenebroso risco de faltar o serviço básico na nossa abandonada Maternidade José Varela!
 

E as tuas professoras, Galado? Pois fique sabendo que o alcaide mandou aprovar um edito, obrigando os edis a votarem sem ler, dizendo doravante haverá o controle de natalidade no seio do magistério da rede pública do município de Macau: se engravidarem, e depois do parto, quiserem, como manda a lei, gozar a licença maternidade, perderão quase metade do vencimento.

Este é um só um pedaço do compromisso com o futuro da tua terra; professoras cheias de sonhos e de vida, sendo controladas e desvalorizadas por um sujeito aqui tão bem acolhido... Em tempo: as três mulheres-vereadoras não disseram um pio em favor das mulheres-professoras...

 Doravante, neste mesmo mês de abril em que nascestes, temos mais um motivo a lhe causar vergonha e revolta: uma Máscara Negra se abateu sobre nós, rapinando palco, luz, som e as vozes das nossas festas (você sabia, Galado, que até aquela festa que você vez ou outra ia, quando na ocasião rememorava os seus tempos de menino, a mais católica das nossas festas, começa a pairar os tentáculos da Máscara Negra?)...


 Não é triste, Imperador? Os teus antigos e leais súditos já não mais te devem lealdade, é verdade, mas hoje, certamente, seriam levados todos ao calabouço. Fingem não mais saber da existência da ilha; e somente se lembram, saudosos, dos velhos carnavais... 


 E como hoje as lágrimas são mais e mais salgadas por causa da tua ausência, esforçamo-nos para não deixar tua memória se esvair como se esvai na quarta-feira de cinzas as nossas ilusões neste barco desgovernado...


Receba um abraço dos que aqui estão e que te guardam como amuleto, na memória.

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