MINISTÉRIO PÚBLICO DENUNCIA
Promotora investiga superfaturamento em bandas pagas pela Prefeitura de Macau
Chega dinheiro proveniente dos royalties, sai dinheiro para contratação de bandas para festas. Essa parece ser a lógica usada pelas cidades de Macau e Guamaré, que neste ano já gastaram milhões com a contratação de bandas, e a maioria a um valor muito maior que as atrações cobram normalmente para outros locais. Para o carnaval de Macau, por exemplo, a diferença entre o cachê normal cobrado pelas bandas e o que a Prefeitura, gerida pelo prefeito Flávio Vieira Veras (PMDB), divulgou como tendo gasto chega a quase R$ 800 mil.
Por isso, não é por acaso que o Ministério Público está apurando a contratação de bandas para a realização de festas na cidade. Em contato com O JORNAL DE HOJE, a promotora de Justiça da Comarca de Macau (que também é responsável pela cidade de Guamaré), Raquel Batista de Ataide Fagundes, afirmou que já existem dois inquéritos civis para apurar esses contratos.
“Há mais de dois anos o Ministério Público acompanha a realização de contratações de artistas pela Edilidade, analisando a forma de contratação e os valores pagos”, afirmou a promotora.
As contratações precisam mesmo ser apuradas. Em levantamento feio pel’O JORNAL DE HOJE e por outros blogs da região de Macau, os valores divulgados pela Prefeitura local é bem diferente do que é pago normalmente.
A banda Forró da Pegação, por exemplo, recebeu um cachê de R$ 67,2 mil para tocar no carnaval do ano passado em Macau, mas tinha um cachê médio de R$ 10 mil apenas. Só aí, o sobrepreço já seria de R$ 56,2 mil. Ou seja: Forró da Pegação recebeu cinco vezes mais para tocar na cidade do que cobra normalmente.
O mesmo aconteceu com a banda Deixe de Brincadeira, que cobrou R$ 56 mil para se apresentar em Macau no mesmo festejo, tendo um cachê médio de R$ 10 mil na época. Em 2012, por sinal, a atração cobrou R$ 20 mil para tocar em Assu, também no carnaval. Isso é importante dizer o porquê da majoração de preços devido ao carnaval pode ser uma das justificativas usadas. Contudo, majorar ao ponto de ser cinco vezes maior, é mais difícil de acontecer.
Com Cavaleiros do Forró, a situação foi parecida. A banda recebeu R$ 168 mil de Macau em 2011, mas tinha um cachê médio de R$ 50 mil na época. Neste ano, tocou em Assu por R$ 70 mil, também no carnaval. Por isso, o valor que pode ser caracterizado como sobrepreço chega aos R$ 118 mil.
A situação mais emblemática, porém, pode ser com relação à banda Aviões do Forró, afinal, o contrato firmado por ela para se apresentar em Guamaré e Macau demonstra que as duas cidades arrecadam muito com royalties, mas também gastam bastante com bandas. Em 2011, Aviões tocou por R$ 280 mil em Macau, mas o cachê médio era de R$ 50 mil. Neste ano, cobrou R$ 300 mil para cobrar em Guamaré, mas se apresentou na cidade de Jaíba (Minas Gerais) por R$ 198 mil.
Os gastos continuam superiores com bandas locais, como a banda Grafith. Ela recebeu R$ 450 mil para tocar os quatro dias de carnaval em Macau – teve um cachê de R$ 80 mil por dia. Em Guamaré, para tocar em 2012, recebeu R$ 110 mil.
Contudo, se apresentou junto à banda Deixe de Brincadeira, cobrando R$ 50 mil (as duas), na festa de emancipação política em Campo Redondo. A banda Deixe de Brincadeira, por sinal, cobrou R$ 56 mil para e apresentar em Macau também em 2011, mas nesse ano se apresentou em Assu, no carnaval, por R$ 20 mil.
460%
Curiosamente, o superfaturamento de 460% se repete em três casos dentre as bandas contratadas para o carnaval e os valores que elas cobravam em média. Aviões do Forró, The Frois e Deixe de Brincadeira receberam, segundo a Prefeitura de Macau, 460% a mais que o valor que costumam receber. A banda Aviões, por sinal, foi a mais cara a ser contratada pela cidade.
Por ter pago R$ 280 mil pelo show de uma hora e meia, que é média de duração de apresentações como essa, a gestão municipal acabou por gastar R$ 3,1 mil por minuto de apresentação. A segundo a receber mais por minuto foi Garota Safada, que custou R$ 224 mil, custou R$ 2,4 mil por minuto, baseado no mesmo cálculo.
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