31 julho 2012

MINISTÉRIO PÚBLICO DENUNCIA

Promotora investiga superfaturamento em bandas pagas pela Prefeitura de Macau

 
Chega dinheiro proveniente dos royalties, sai dinheiro para contratação de bandas para festas. Essa parece ser a lógica usada pelas cidades de Macau e Guamaré, que neste ano já gastaram milhões com a contratação de bandas, e a maioria a um valor muito maior que as atrações cobram normalmente para outros locais. Para o carnaval de Macau, por exemplo, a diferença entre o cachê normal cobrado pelas bandas e o que a Prefeitura, gerida pelo prefeito Flávio Vieira Veras (PMDB), divulgou como tendo gasto chega a quase R$ 800 mil.

Por isso, não é por acaso que o Ministério Público está apurando a contratação de bandas para a realização de festas na cidade. Em contato com O JORNAL DE HOJE, a promotora de Justiça da Comarca de Macau (que também é responsável pela cidade de Guamaré), Raquel Batista de Ataide Fagundes, afirmou que já existem dois inquéritos civis para apurar esses contratos.

“Há mais de dois anos o Ministério Público acompanha a realização de contratações de artistas pela Edilidade, analisando a forma de contratação e os valores pagos”, afirmou a promotora.

As contratações precisam mesmo ser apuradas. Em levantamento feio pel’O JORNAL DE HOJE e por outros blogs da região de Macau, os valores divulgados pela Prefeitura local é bem diferente do que é pago normalmente.

A banda Forró da Pegação, por exemplo, recebeu um cachê de R$ 67,2 mil para tocar no carnaval do ano passado em Macau, mas tinha um cachê médio de R$ 10 mil apenas. Só aí, o sobrepreço já seria de R$ 56,2 mil. Ou seja: Forró da Pegação recebeu cinco vezes mais para tocar na cidade do que cobra normalmente.

O mesmo aconteceu com a banda Deixe de Brincadeira, que cobrou R$ 56 mil para se apresentar em Macau no mesmo festejo, tendo um cachê médio de R$ 10 mil na época. Em 2012, por sinal, a atração cobrou R$ 20 mil para tocar em Assu, também no carnaval. Isso é importante dizer o porquê da majoração de preços devido ao carnaval pode ser uma das justificativas usadas. Contudo, majorar ao ponto de ser cinco vezes maior, é mais difícil de acontecer.

Com Cavaleiros do Forró, a situação foi parecida. A banda recebeu R$ 168 mil de Macau em 2011, mas tinha um cachê médio de R$ 50 mil na época. Neste ano, tocou em Assu por R$ 70 mil, também no carnaval. Por isso, o valor que pode ser caracterizado como sobrepreço chega aos R$ 118 mil.

A situação mais emblemática, porém, pode ser com relação à banda Aviões do Forró, afinal, o contrato firmado por ela para se apresentar em Guamaré e Macau demonstra que as duas cidades arrecadam muito com royalties, mas também gastam bastante com bandas. Em 2011, Aviões tocou por R$ 280 mil em Macau, mas o cachê médio era de R$ 50 mil. Neste ano, cobrou R$ 300 mil para cobrar em Guamaré, mas se apresentou na cidade de Jaíba (Minas Gerais) por R$ 198 mil.

Os gastos continuam superiores com bandas locais, como a banda Grafith. Ela recebeu R$ 450 mil para tocar os quatro dias de carnaval em Macau – teve um cachê de R$ 80 mil por dia. Em Guamaré, para tocar em 2012, recebeu R$ 110 mil.

Contudo, se apresentou junto à banda Deixe de Brincadeira, cobrando R$ 50 mil (as duas), na festa de emancipação política em Campo Redondo. A banda Deixe de Brincadeira, por sinal, cobrou R$ 56 mil para e apresentar em Macau também em 2011, mas nesse ano se apresentou em Assu, no carnaval, por R$ 20 mil.

460%

Curiosamente, o superfaturamento de 460% se repete em três casos dentre as bandas contratadas para o carnaval e os valores que elas cobravam em média. Aviões do Forró, The Frois e Deixe de Brincadeira receberam, segundo a Prefeitura de Macau, 460% a mais que o valor que costumam receber. A banda Aviões, por sinal, foi a mais cara a ser contratada pela cidade.

Por ter pago R$ 280 mil pelo show de uma hora e meia, que é média de duração de apresentações como essa, a gestão municipal acabou por gastar R$ 3,1 mil por minuto de apresentação. A segundo a receber mais por minuto foi Garota Safada, que custou R$ 224 mil, custou R$ 2,4 mil por minuto, baseado no mesmo cálculo.

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